domingo, 28 de outubro de 2012

Estação Kisaragi



Uma história do 2ch (fórum de internet japonês) de 2004, postado no meio de um tópico chamado "Poste alguma coisa estranha que aconteceu com você: Tópico 26." Os posts eram anônimos no começo, mas depois começaram a ser anexado seu nome.

Para deixar você informado, #??? e Hasumi indicam posts feitos pelo criador do tópico. #2ch indicam posts feitos por qualquer outro usuário do 2chan, eles não são sempre a mesma pessoa.
Esperam que gostem da história.

-

#???: Talvez seja só minha imaginação... Posso postar uma coisa?

#2ch: Vá em frente.

#2ch: O que tá acontecendo?

#???: Eu estou andando de trem faz algum tempo, mas algo está errado.

#2ch: Hmm...

#???: Eu sempre pego esse trem pra ir pro trabalho. Mas ele não parou em nenhuma estação nos últimos vinte minutos mais ou menos. Geralmente eu demoro cinco, sete, no máximo oito minutos. Ah, há mais cinco outros passageiros comigo no vagão, mas eles estão todos dormindo.

#2ch: Você não pegou o trem expresso por engano?

#2ch: É um trem bala?

#???: Bem, talvez eu tenha apenas perdido minha estação. Eu vou esperar um pouquinho mais. Se mais alguma coisa estranha acontecer eu volto pra cá.

#2ch: Tente ir até o vagão do final pra ver o condutor, talvez?

#2ch: Seria muito ruim se o motorista tivesse tido um ataque epilético ou algo do tipo, você devia ir dar uma olhada no condutor!

#???: Ainda sem nenhuma parada, então beleza, vou lá dar uma olhada.

#???: As janelas estão cobertas por alguma coisa, então eu não pude ver o condutor ou o motorista. A rota são os trilhos privados em Shizuoka.

#2ch: Bata na janela?

Hasumi: Tentei isso, ninguém respondeu.

#2ch: Você consegue olhar pela janela? Nomes das estações que você está passando, etc.

Hasumi: Nós saímos de um túnel, então estamos diminuindo consideravelmente a velocidade. Geralmente não há nenhum túnel... É um trem vindo de Shin-Hamamatsu.

Hasumi: Parece que finalmente estamos parando em uma estação.

#2ch:Você não vai descer aí, vai?

Hasumi: Estamos parados na estação Kisaragi. Estou em dúvida se devo descer. Eu nunca ouvi sobre esse lugar antes.

#2ch: Definitivamente, vai dar uma olhada.

#2ch: Não, fique no vagão até a última parada.

#2ch: Ah, provavelmente já está de partida agora.

#2ch: Quando você pegou o trem?

Hasumi: Eu saí do trem. Não vejo funcionários na estação. Eu acho que peguei o trem por volta das 11:40

#2ch: Não estou encontrando nenhuma informação sobre Estação Kisaragi... E Hasumo, seu trem ficou andando sem parar por uma hora? Isso realmente é estranho.

#2ch: É, também não tô achando nenhuma informação sobre a estação Kisaragi.

Hasumi: Estou procurando uma tabela de horários pra ver quando posso voltar, mas não consigo encontrar
nenhuma. O trem ainda está parado. Então acho que é melhor eu voltar... Bem, ele partiu enquanto eu escrevia.

#2ch:Há alguém por perto, ou alguma construção? Está frio lá fora, então tome cuidado.

Hasumi: Eu vou procurar por um taxi da estação. Muito obrigada.

#2ch: Parece bom. Se cuide.

#2ch: Após passar o último trem, em uma estação sem funcionários.... Realmente questionável se você vai encontrar algum taxi aí.

#2ch: E então Hasumi virou um habitante de dois mundos em dimensões diferentes...

Hasumi: Não parece haver nenhum taxi por aqui... Hmm...

#2ch: Ligue 110? [Número da polícia]

#2ch: Ligue para a companhia de taxi?

#2ch: Se há um telefone aí por perto, procure pelo número da companhia de taxi no catalogo de telefones e ligue.

Hasumi: Eu liguei pra casa e pedi para que me buscassem, mas nenhum dos meus pais parecem saber onde fica a Estação Kisaragi. Eles iram procurar no mapa pra que possam me buscar, mas estou começando a ficar um tanto assustada agora.

#2ch: E os outros? Você foi o único que saiu do trem?

#2ch: Eu procurei na internet também, e o nome da Estação Kisaragi não está em lugar nenhum. Estou errado em pensar que é por perto de Shin-Hamamatsu? Eu vou checar no Yahoo.

Hasumi: Eu procurei por um telefone público e não há nenhum. E mais ninguém saiu, então estou sozinho agora. É definitivamente Kisaragi o nome.

#2ch: As vezes os telefones públicos ficam por fora da estação.

Hasumi: Vou procurar por lá, aparentemente está escrito com o kanji para "Diabo", mas se lê Kisaragi"...

#2ch: Estação do Diabo? Uau....

#2ch: Você tá fazendo um joguinho nerd? Porque um jogo aparece quando você poem isso no google.

#2ch: Diga para a gente o nome das estações antes e depois da Kisaragi.

Hasumi: O que você quer dizer, um jogo? Aqui não diz nada sobre as estação de antes nem de depois.

#2ch: Volte andando pelos trilhos.

#2ch: Se você começar a correr agora, talvez você consiga alcansar o trem.

#2ch: Deve haver algumas casas perto da estação, certo?

Hasumi: Sim, tem. Eu não tinha percebido sendo que eu estava em pânico. Eu estou esperando meus pais ligar de volta enquanto ando pelos trilhos. Eu tentei checar informações da cidade pelo i-mode, mas me deu um "point error" ou algo do tipo. Eu quero ir pra casa.

Hasumi: Não há nada aqui perto! Tudo que eu vejo são campos e montanhas. Mas acho que eu consigo voltar se eu voltar pelos trilhos, então vou continuar. Obrigada. Podem achar que é um piada se quiserem, mas posso voltar a vocês se encontrar mais alguma coisa estranha?

#2ch: Claro. Apenas tome cuidado.

#2ch: Com certeza! Só tome cuidado para a bateria não acabar. Seu telefone é o que está te mantendo viva agora.

#2ch: Não se perca. E tome cuidado no túnel.

#2ch: Uh, você consegue pegar sinal no meio do nada? Eu meio que acho que você não devia se afastar da estação.

#2ch: Totalmente sozinho em uma noite fria em uma estação sem atendentes. Logo não haverá mais luz, e vai ficar um breu total....

#2ch: Provavelmente é mais seguro esperar o dia amanhecer na estação, mesmo assim.

#2ch: Ah, meu Deus, isso está soando tão ruim...

Hasumi: Eu recebi uma ligação do meu pai, e ele tinha muitas perguntas, mas não conseguiu achar minha localização atual. Me falaram pra ligar para a polícia, o que estou com um pouco de receio em fazer, mas eu vou agora pedir ajuda para eles.

#2ch: Eu realmente acho que você devia esperar clarear o dia até fazer alguma coisa.

#2ch: Esperar sozinho na noite obsucura? E em um lugar inabitado, eba...

#2ch Andar em um túnel totalmente sozinho em uma noite obscura? Em um trilho de trem inabitado, eba...

Hasumi: Eu liguei 110 e tentei dar o meu melhor para explicar a situação, mas eles acharam que era uma piada e ficaram bravos comigo. Então fiquei com medo e pedi desculpas...

#2ch: Pediu desculpas pelo o que? Deveria desistir por hoje, espere pelo próximo trem de amanhã.

#2ch:Como é por volta da estação? O que tem aí?

Hasumi: Eu ouço sons que parecem a mistura de bateria com algum tipo de sino em uma certa distancia. Honestamente, eu não tenho ideia do que fazer agora.

#2ch: Volte pra estação, Hasumi. É melhor voltar pra onde começou enquanto não está perdido.

#2ch: Eles estão tendo algum tipo de festival ou o que?

Hasumi: Vocês podem achar que eu estou brincando, mas estou com muito medo de olhar pra trás. Eu quero voltar pra estação, mas... eu não consigo me virar.

#2ch: Corra. E não olhe pra trás.

#2ch: Você não pode voltar pra estação agora. Corra para o túnel! Tenho certeza que você vai ver que não está longe.

Hasumi: Alguém atrás de mim gritou "Hey! Não ande nos trilhos, é perigoso!" Eu olhei pra trás esperando ver um atendente, mas eu vi um velho de uma perna só, mas ele desapareceu. Eu acho que estou muito apavorado pra me mexer.

#2ch: Eu disse pra você não olhar pra trás! CORRA.

#2ch: Se acalme e me ouça, okay? Veja da onde a bateria está vindo. Alguém tem que estar tocando ela né.

#2ch: Aonde diabos você quer que Hasumi vá parar?

#2ch:Como você sabe que era um velho se você só viu uma perna?

#2ch: ...Duh, ele viu um velho que tinha perdido uma das pernas.

#2ch: Deve ser algum velho que morreu e perdeu sua perna depois de andar nos trilhos.

Hasumi: Eu não consigo mais caminhar ou correr. A bateria parece estar mais perto.

#2ch: Espere o amanhecer. Nãos será assustador na luz do dia.

#2ch: Fico feliz por ter ficado dentro do trem.

Hasumi: Ainda estou viva. Eu sinto que estou começando a sangrar, e eu quebrei um salto, então eu estou
sentada no chão. Não quero morrer...

#2ch: Acho mais seguro que você saia do túnel. Assim que sair daí, chame ajuda imediatamente.

Hasumi: Eu liguei pra casa. Papai está chamando a polícia, mas o som parece estar chegando mais perto.

#2ch: Eu espero, em nome de Deus, que não seja o som de um trem. Mas pode ser muito tarde...

Hasumi: Eu finalmente dei um jeito de chegar até a frente do túnel. O nome diz Isanuki. O som ainda parece estar chegando mais perto, então eu vou sair do túnel. Se eu conseguir sair do túnel a salvo, eu posto aqui de novo.

#2ch: Boa sorte.

#2ch: Esse é o final. Esqueça sobre os trens e estações. Esqueça sobre voltar. Esqueça sobre alguém perseguindo você. O som que você está ouvindo é só coisa da sua cabeça. Corra para fora do túnel. Se você parar, você vai sucumbir em algo que não pertence a esse mundo.

Hasumi: Saí do túnel. Há alguém logo a frente. Parece que seu conselho estava certo apesar de tudo. Muito obrigada. Minha cara está uma bagunça entre lágrimas, ele deve ter me confundido com um monstro.

#2ch: Espera, Hasumi! Não morra agora!

#2ch: Pare! Isso não parece bom.

#2ch: Alguém aí? Essa hora da noite? Supeito...

Hasumi: Ele parece gentil, e preocupado comigo. Ele ligou pedindo um trem para me levar para a estação mais próxima. Aparentemente há um hotel por aqui perto. Eu estou muito, muito agradecida por todos vocês.

#2ch: Hasumi, me responda essa única coisa. Você pode perguntar a esse homem onde vocês estão?

#2ch: Ele realmente é gentil? Ele soa assustador pelo o que você disse.

#2ch: Esse cara não é bom! Porque ele estaria nos trilhos a essa hora?! Ele pode ser algum defunto ou coisa do tipo! CORRA, HASUMI!

Hasumi: Eu perguntei onde estamos ele disse Hina. Mas isso não parece verdade...

#2ch: Hasumi, não entre no trem!

#2ch: Como é, Hasumi? Onde é Hina?

Hasumi: Nós estamos andando em direção as montanhas por alguns minutos. Não me parece o lugar onde haveria trens. E ele parou de falar comigo completamente.

#2ch: Talvez porque você esta constantemente mexendo no celular?

#2ch: Hasumi, ah não, não, não... Você contatou seus pais depois de sair do túnel e receber ajuda (?) desse cara?

#2ch: Hasumi, ligue 110. Talvez seja sua última chance.

Hasumi: A bateria do meu celular está acabando. As coisas estão ficando estranhas, então eu acho que vou começar a correr. Ele tem estado falando consigo mesmo sobre coisas bizarras por um tempo. Para me preparar para fazer isso no tempo certo, esse vai ser meu último post por agora.
-
* Depois disso "Hasumi" nunca mais postou nada.
Créditos: Essa realmente foi um tópico no 2chan. O tópico foi traduzido e adaptado por vgperson para mais fácil leitura.

Chega o teste

A muito se foram os dias de luta com mapas para se encontrar alguma placa ou alguma estrada perdida, e ficar engolindo seu próprio orgulho para não pedir informação. Hoje em dia, com a tecnologia moderna, você pode se confiar no seu GPS para guiá-lo onde quer chegar.

Confia nas direções que ele te dá para atravessar território desconhecido, chegar ao seu destino final e voltar para casa seguramente. Te diz para ir para a esquerda, você vai, para direita, você vai. Manda você sair da auto estrada, você sai. A ameaça de pegar o caminho errado e prolongar sua viagem previne você de desafiar o dispositivo, independente do que sua intuição lhe diz.


Mas você o questiona as vezes.

Como por exemplo, agora. Seu destino é irrelevante, tal como quem você vai encontrar lá ou porque está indo lá. O que importa é que, sem GPS, você não faria idéia de onde está. Está dirigindo a algumas horas agora, mas só cobriu uma fração da distância total.
O sol começa a descer, e você observa a paisagem passar sem perceber muito o que é. Você não sabe muito sobre o lugar para onde está indo, mas certamente não é nenhum subúrbio. A população aos arredores parece diminuir mais e mais conforme você avança. Vire a direita. Dirija direto por dois quilômetros. Vire a direita. Sua desatenção vira desespero quando a cidade quase rural em que você se encontrava de repente se tornou uma densa floresta.

Noite caiu. Você sabe que não chegará até seu destino até as primeiras horas da manhã, mas isso não lhe perturba. Você esperava uma auto estrada sem fim, com postes e luzes por quilômetros. Totalmente o oposto disso. Até a gentil luz do luar que causava um brilho fraco nas cidades que você atravessara, agora havia sido totalmente censurada pelas folhas da densa mata acima de você.
A escuridão está tingindo níveis perigosos e até ameaçadores, conforme você avança no caminho dessa estrada sem iluminação ou sinalização. As janelas estão fechadas e o calor está terrível. Mas algum medo fraco impede seus braços de abrirem as janelas, e até a confortável ritmia das canções pop do rádio despertam algo assustador que bate no fundo do seu estômago.
Apenas siga reto por 6 quilômetros, seu GPS diz. Então estará entrando em uma auto estrada para o leste. Então tudo estaria bem. Certo?

A julgar pelos seus punhos brancos e gelados de medo em cima do freio de mão, você não está muito convencido disso. Está considerando voltar. Fortemente considerando voltar. Mas isso requereria parar, e parar significaria ficar a mercê dos milhares de olhos que você sente virem dos arbustos lhe penetrando como adagas. Suas luzes do para-choque cortam a escuridão encobrindo a estrada a frente, mas deixa todo o resto envolto em uma escuridão impenetrável. Até os o farol alto ligado, a visibilidade não melhora muito. Com 2 quilômetros faltando, você enfia seu carro em cada e qualquer buraco que se pareça com um retorno. Sua necessidade de sair dali parece ser muito maior que seu medo de bater.

Então seu GPS morre.

A escuridão repentina é desnorteante. Seus olhos voam ao aparelho, esperando que o sinal volte, ou que ele se ligue sozinho de novo (quem teria desligado?) ou que peça para ser plugado de novo (quem teria desplugado?) ou -

Você joga seus olhos do GPS para capturar a visão de um cabelo loiro e uma expressão meio de menino à sua frente, estasiado de surpresa, olhos azuis claros. Só um segundo. Então seu assento, seu carro, seu mundo, é sacudido por uma batida surda. Pisa no freio em resposta automática, os pneus cantam para parar.


É aqui que fica perigoso.



É aqui que você tem uma escolha.

Por um lado, você poderia decidir não fazer o que todo o filme de terror lhe ensinou esse tempo todo, engolir seus medos na escuridão em qual você se encontra perdido, ignorar a voz na sua cabeça que diz para você ir embora dali o mais rápido possível e abrir a porta do seu carro. Pelo outro lado, você poderia aceitar a opção oferecida nesse momento crucial. Poderia ouvir a voz na sua cabeça, colocar o medo de estar arriscando sua vida acima de tudo, se lembrar de todas as vezes que você gritou com a televisão falando para ficar dentro do maldito carro e se conter, ficando lá dentro.

Você junta toda sua coragem e faz a primeira opção.

Ao pisar para fora do seu carro, você é agraciado com uma calma sem explicação. Cada passo para longe do seu banco é um nó de medo no seu estômago sendo desatado. Quando finalmente olha para trás do seu carro, a visão de uma calma noite o tranquiliza e você se sente até confortável ali, naquela noite de meio de outono.

Quando você se depara com a estrada vazia na sua frente, você ri para si mesmo. Deve ter sido um buraco na estrada, e sua mente, já paranóica, conjurou um menino imaginário ali para justificara aquilo. Afinal, o que um menino estaria fazendo naquela profundidade da floresta, sozinho, naquela hora?
Você se surpreende como foi ingênuo em imaginar essas coisas, e suspira em alívio final ao seu GPS voltar a funcionar e mostrar a direção. Volta ao seu lugar e agora a escuridão da estrada é até confortável, e não ameaçadora como antes. Agora só haviam os sons da floresta noturna, da vida dos animais.

Encontra seu caminho para fora da floresta e para a auto estrada sem problemas. Você se move por um lugar não conhecido, mas cobre a distância muito mais rápido do que você esperava. Você chega no seu destino antes de do que qualquer um, incluindo você mesmo, achasse possível.


Quando tenta voltar para casa, seu GPS mostra um caminho totalmente diferente, que leva mais horas, mas que segue insistindo que é mais rápido. Mesmo consultando um mapa, você não entende como chegou lá tão rápido.
O evento foi um tanto misterioso, mas não valia a pena gastar as energias pensando nele.






Mas e se você fizer a segunda opção?





Você se prepara para descobrir isso quando, ao invés de sair do carro, você corre para longe da cena dentro do seu carro com seu peito em ritmo desenfreado porque, pelo amor de Deus, o que acabou de acontecer?
Quando você olha para seu retrovisor e vê um par de claros olhos azuis olhando para você, começa a perceber que talvez tenha cometido um erro terrível. Ou simplesmente esse foi realmente o certo, ir embora sem pensar duas vezes porque não quer pensar muito no que foi aquilo. Sua respiração começa a ficar entrecortada e você começa a hiper-ventilar. O rádio fica mudo, de uma canção de amor confortável para o ensurdecedor silêncio. Lágrimas brincam na ponta dos seus olhos quando seu GPS volta a funcionar. Você suspira em alívio, agradecendo toda e qualquer divindade que você pode se lembrar - A meu Deus.
"Vire-se a esquerda para o seu destino em um quilômetro e meio."
A fina e falha voz do seu GPS acaba com suas esperanças de que isso tudo havia terminado. Você agarra o aparelho esperando ler algo para confirmar que ouviu errado, mas, bem, não. Claramente escrito na tela o que foi ouvido. Seu estômago desaba em náuseas de medo.

Você quer fazer o retorno, você realmente quer. Mas ai você teria de passar por cima de "seja lá o que fosse" de novo. Você busca nas muralhas de árvore por uma abertura grande o suficiente para o seu carro, mas é tudo muito denso. Mesmo que você avançasse mais para a beirada da floresta, ela continuaria muito densa. Sua única opção é seguir reto, e você odeia isso.

"Vire-se para a esquerda para o seu destino em um quilômetro."

Lágrimas correm pelo seu rosto quando você escuta seu rádio voltar a vida. Agora ele transmite milhares de vozes, mas a mais audível é a de um menino que chora. Mas ele ri também. É meio falha, entre-cortada e gaguejante, mas está lá, firme, de algum jeito. E se intensifica e se afirma conforme você avança.

"Vire-se para a esquerda para o seu destino em meio quilômetro."

Você começa a vê-lo. Toda a vez que seus olhos escorregam da estrada pára os arbustos ou para as árvores, lá está ele, olhando diretamente para você com os olhos azuis claros de dardo. O menino que você atingiu.

A primeira vez que você viu ele, ele só olhou direto em seus olhos, normal, sem expressão. Você parou de respirar, prendeu a respiração, e se esqueceu de como tomar ela de volta. Cada vez que você o via, ele estava a um passo mais próximo da estrada. Seu rosto se contorcendo em um levíssimo sorriso maníaco. Você sente bile subir pela sua garganta, forçando seus pulmões soltarem o ar, engasgando e tossindo você exala o ar. A risada nos auto-falantes do seu carro está te deixando surdo. Ele está na pista agora. Está lá, parado. Chegando mais ao meio a cada segundo. Você ainda não precisa virar para evitá-lo ainda, mas sabe que isso não vai levar tempo a acontecer.

"Vire-se para a esquerda para chegar ao seu destino."

Suas lanternas se apagam. Você quase se sente aliviado. Não precisa mais ver os olhos dele. Mais uma vez, em puro reflexo, você pisa nos freios, só para perceber que não estão funcionando. Quando o medidor de velocidade se comprime ao ponto máximo, você começa a rir. É o fim, certo? Levou um bocado para chegar até ali.

Mas você se lembra que não quer morrer. Cara soluço vem com lágrimas e agonia. Conforme a fraca luz de dentro do seu carro ilumina muito pouco o caminho à sua frente, você vê uma árvore em seu caminho, que, em um rápido momento, você transforma seu medo em audácia. Vira seu volante para a esquerda com todo o vigor deixando ele em um ângulo diagonal. O impacto é inevitável, mas quando você ouve a terrível batida, seu reflexo te joga para o banco do passageiro, salvando sua cabeça, mas rasgando seu abdômen.

Seu mundo se torna dor a agonia conforme o metal se retorcia. O cinto de segurança está queimando seu peito e a sacudida da batida deixa sua cabeça girando. Um gosto metálico começa a encher sua boca e tudo dói. Mas quando seu carro para de vez, você está vivo ainda. Você venceu. Está vivo. Ri. Ri, ri e ri mais até seus pulmões doerem (o que, no momento, é de se esperar).

Se esforça para voltar a respirar, mas ele agarra sua garganta. Seu coração para. Pânico cresce nas suas entranhas. Você escuta a risada no rádio. O suspiro parou, agora o menino está mais quieto do que nunca, mas ainda assim, ali.

Você se torna uma massa gélida de desespero quando percebe que o som não vem do rádio.

Ele está ali, com você, no carro agora. Seus olhos voam para o retrovisor e você mergulha em seus fundos olhos azuis. Perfuram você. Só se pode ver dor e loucura neles. Apesar do sorriso contornando suas feições, suas bochechas estão cheias de lágrimas.

Você sente seus dedos ossudos em seu rosto. Quando eles chegam a seus olhos e aperta eles, afundando-os, seu corpo se compadece de sua situação e finalmente um desmaio lhe acomete antes de sentir a dor.



Demoraram seis horas para encontrarem seu corpo. Estará exatamente onde você o deixou, rasgado entre as ferragens do seu carro, descoberto nas primeiras horas da manhã por um caçador. A estrada em que você foi encontrado era a centenas de quilômetros de distância de qualquer lugar onde você tivesse qualquer coisa para fazer.

Seus ferimentos são tão curiosos quanto o porque de você estar ali. Algumas são costelas quebradas, algumas hemorragias internas sub-sequenciadas, e hemorragia cerebral. Seus olhos, entretanto, não estão no lugar. Inexplicavelmente arrancados da sua cabeça, não são encontrados em lugar nenhum. Sob inspeção, nenhum de seus ferimentos causaria sua morte, apesar de graves. Seu coração simplesmente parou de bater.
Sua morte é um mistério para a polícia. Tratam como um possível homicídio, mas eventualmente o jogam na gaveta de arquivo morto. No registro foi dado nota de algo estranho. Do momento em que você foi encontrado até o chefe da investigação gritar mandando alguém desligar a maldita coisa, seu GPS estava ligado, repetindo a mesma frase de novo e de novo.

Snatcher

Esta é a história sobre uma criatura curiosa que queria criar o ser humano perfeito. A história foi contada de geração em geração, de um jeito diferente em cada lugar do mundo, foi assim que chegou em mim:
Bem, vou explicar desde o começo. Por volta de 1830, perto do atual Arizona, uma criatura, tranquila em seu lar subterrâneo acidentalmente faz uma rachadura no "teto", abrindo uma brecha, por onde saía um facho de luz. A criatura ficou intrigada, e procurava entender o que era aquela coisa quente, porém intocável. A criatura era alta, tinha 2m e 45cm de altura, tinha um peso proporcional a seu tamanho, e tinha pele escura e seca. Sua face, um focinho parecido com de cachorro, dentes similares aos dentes humanos, ossos fracos, olhos pequenos, com cavidades profundas, e seus ouvidos eram apenas dois buracos na testa.
A criatura começa a bater na brecha por onde a luz entrava, e também arranhar, puxar pedaços, todos os dias, até o dia em que a brecha virou um buraco. A criatura estava cegada pela luz, mas mesmo assim, subiu pelo buraco. Estava muito quente do lado de fora, mas a criatura era curiosa demais.
Depois de andar um pouco, se deparou com uma pequena cidadela. As criaturinhas menores que a viam gritavam e corriam dela, por algum motivo. O som de seus gritos eram extremamente irritantes e agudos para os ouvidos da criatura, que voltou para seu abrigo subterrâneo.
Estava curiosa sobre aquelas criaturinhas irritantes e desesperadas, que a criatura começou a fazer desenhos dos seres, fazer anotações, e todos os dias espiava as criaturas, que foram denominadas pela criatura "U'meheds" e estudava seus hábitos, mas não dava para saber como funcionava o corpo das criaturas observando-as de longe.
Surgiu a ideia da criatura primitiva de raptar um. Uma mulher para ser mais exato:
Elizabeth Van'Derman, esposa do xerife da cidade.

A criatura ainda desconhecida e sem nome invadiu a casa do xerife tarde da noite, quando não havia ninguém acordado, encheu a boca da pobre mulher com areia e a levou de volta para seu refúgio.
Abriu-a viva, estudou seus genitais, coração, e sistema digestório, mas óbvio que ela morreu no meio dos processos. Então, a criatura estudou seu cérebro, fez algumas anotações, enrolou o corpo em um tecido e jogou no rio mais próximo.
A esposa do xerife foi dada como desaparecida no dia seguinte, e houve boatos de que ela fugiu com um amante de outra cidade,mas não se falou mais do assunto depois. Três dias depois do primeiro sequestro, a criatura raptou o xerife Van'Derman pois havia notado diferenças entre os de voz grossa (Homens) e as de voz fina (Mulheres).
Estudou desta vez também as cordas vocais, e viu diferença na garganta (o xerife tinha o pomo de adão).
Resolveu raptar mais dois na noite seguinte. Mas os cidadãos já estavam em alerta. A criatura não ligou, quebrou uma janela e levou um casal dentro de um saco. Um homem ouviu os gritos e o barulho da janela quebrando, e viu por um momento a criatura.
Daí, ele a nomeou de "The Snatcher".
A criatura achou que poderiam haver outros espécimes Humanos diferentes em outros lugares, e saiu pela América do Norte raptando, e a notícia se espalhava. Poucos viram a criatura, mas estavam certos sobre uma criatura alta e medonha raptar seus vizinhos em sacos de estopa.
Daí o termo Pilgrim Snatcher (o Sequestrador Peregrino).

O Pilgrim Snatcher ainda achava irritante os ruídos que os humanos faziam, sua natureza, e a fragilidade deles. Snatcher então começou a viajar pelo mundo raptando mais pessoas, procurando por um ser Humano perfeito, que não fizesse ruídos (Mudo), não conseguisse caçar (Cego) e também preservasse o local onde vive e seus companheiros animais (Carinhoso)
É dito que Pilgrim Snatcher continua a vagar pelo mundo, desta vez procurando tecnologia para trazer à vida coisas inanimadas, e finalmente, fazer de seu boneco costurado com partes de vários corpos, o ser perfeito.
Cuidado, ele pode estar em sua cidade neste momento.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Julie

Essa é uma história de amor. Por favor, tentem se lembrar disso enquanto lêem. Amor. É tudo sobre Julie.
Soube do momento em que pus meus olhos nela que faria qualquer coisa para tê-la. Felizmente, não tive de trabalhar tão duro. Podia ver em seus olhos na primeira vez que nos falamos e chamei-a para sair. Ela também me queria e disse sim antes mesmo de eu terminar de falar. Os olhos dela brilhavam como diamantes. É uma das coisas que eu mais gosto nela.

Nos apressamos em dizer "Eu te amo", logo após só alguns encontros, mas nós sabíamos.

Minha casa estava sempre cheia dos meus amigos idiotas e então começamos a falar sobre arrumar um lugar para nós sozinhos. Meu melhor amigo, Greg, não ia muito com o a cara dela nem com o fato de estarmos nos mudando, mas ele entendia. De qualquer modo, sempre saíamos todos juntos para ver filmes, jogar boliche, coisas normais desse tipo.

Bem, recebi uma ligação dos pais da Julie umas noites atrás. Eles me disseram que receberam uma ligação da Polícia dizendo que ela estava havia sido atingida por um bêbado que atravessou a faixa de pedestres, e agora se encontrava no hospital. De qualquer modo, corri desesperadamente ao hospital e no meio do caminho Julie me ligou, para me desesperar mais ainda, mas quando atendi e ela me disse que estava tudo bem, haviam sido só umas escoriações e cortes, relaxei e me acalmei um pouco. Não me importo em admitir que ainda assim havia chorado um pouco de preocupação. Ela me contou que também já estava recebendo alta e assinando uns papéis, e logo poderia ir buscá-la.
Ao chegar no hospital já havia me recomposto e voltado ao meu normal. Mal pude entrar e me aproximar do balcão de informações quando a ouvi chamar meu nome. Me virei e vi ela. O brilho dos seus olhos não estava lá (não era de se surpreender, pelo que havia acontecido), mas ainda assim era ruim. Eu totalmente perdi a postura que achei havia ter retomado. Quebrei totalmente e abracei ela forte enquanto ela deslizava a mão para minha nuca, como ela fazia quando eu estava bravo, e após um ou dois minutos nós fomos para meu carro.
Julie me contou que o motorista bêbado havia morrido e eu pensei "bem, melhor ele do que ela", e não me arrependi do pensamento; eu mesmo teria matado ele se tivesse sido me dada a oportunidade. Ela me disse que estava bem e no fim das contas, era só o que me importava.

Voltamos para minha casa e as luzes estavam apagadas, o que era estranho, uma vez que meus colegas de quarto sempre esqueciam de apagar quando saiam.

Julie estava se sentindo um pouco fria e parecia tão pálida que só nos deitamos e dormimos de conchinha até ela melhorar. Foi um longo dia, afinal. Lembro de ouvir uma última coisa antes de dormirmos totalmente: "Eu vou te amar pra sempre, meu bem."

Liguei para o trabalho no dia seguinte e disse que ficaria em casa com Julie, ela estava se sentindo bem fraca ainda, novamente não surpreendente. Havia umas chamadas perdidas de meus amigos e família, sem dúvida haviam sabido do ocorrido e queriam dar suporte, mas retornaria as ligações depois.

Talvez só o acidente, ou o fato de não a ver muito sem maquiagem... mas ela não parecia muito bem. Digo, a cor dos olhos dela estava se esvaindo e ela se parecia cada vez mais vazia, e o brilho não voltava. Sugeri que voltássemos ao hospital mas ela disse não, que estava bem, somente cansada e sonolenta.
Bem, dias se passaram e liguei avisando que ficaria em casa até ela melhorar. Mas ela não melhorava. Os olhos só pioravam e ela só se parecia mais e mais vazia. A pele dele começou a esfriar e estava chegando a um ponto em que eu a levaria para o hospital, ela querendo ou não. Foi ai que recebi uma ligação de sua mãe. Estava chorando e soluçando, e fazendo esforço pra se manter composta.

Os serviços de Julie seriam conduzidos após amanhã, ela me disse. Perguntei sobre o que ela estava falando. Que serviços? Para que? Estava confuso.

Julie veio até mim e ficou lá enquanto eu segurava o telefone. Ela olhava bem em meus olhos enquanto sua mãe me dizia: "Eu sei que é difícil para você e para todos nós, mas Julie se foi e não podemos a trazer de volta, todos nós a amávamos mas ela se foi..."

Ainda não entendia quando olhei para o rosto de horror de Julie. Ela sabia. Esse tempo todo ela sabia. Ela não havia sobrevivido ao acidente, mas de algum jeito ela estava ali e eu entendi. Os olhos dela, vazios e fundos, o brilho sumido, sua pele descolorida... Ela estava morta e eu estava observando ela decair aos poucos! Meu estômago se revirou e quase desmaiei. Julie me segurei, e senti suas frias mãos na minha nuca, fria como a morte. Ouvi a voz fina de sua mãe. Sem saber o que fazer ao certo, segurei o telefone e ela me disse que o corpo de Julie seria queimado no dia seguinte, logo ao clarear do dia. Desnorteado, eu disse ok, e avisei que iria ao funeral e a veria lá.

Desliguei o telefone e Julie e eu ficamos nos olhando por um longo tempo. Não havia mais dúvidas. Eu estava olhando para alguém que não estava vivo. Eventualmente eu falei : Como?

Ela disse que não sabia e não se importava. E quer saber? Eu também não.
Ela foi comigo para o funeral, e não foi como nos filmes, onde as pessoas atravessam ela ou algo assim. Não podiam vê-la, mas também não esbarravam nela. E quando abriam espaço para mim, abriam para ela também. Fui até seu corpo e ela ficou ao meu lado, triste, porém forte, por mim. A mão dela, fria, tão fria agora, na minha nuca. No caixão ela parecia saudável, desfarçada pela maquiagem. Foi muito difícil, mas ela estava ali do meu lado, soube me ajudar e entender que tudo que eu sempre amei foi ela e por isso me sentia tão destruído.

Voltamos para minha casa. Meus colegas de quarto estavam em casa mas ficaram fora do nosso caminho conforme eu fui para meu quarto. Naquela noite não dormimos. Só seguramos um ao outro e não me importei o quão fria ela estava. Choramos, conversamos, rimos das memórias engraçadas e choramos mais. Não falamos sobre o que estava acontecendo ou o que aconteceria.
O dia foi amanhecendo e a luz preenchendo o dia, e então o pensamento mais obscuro me ocorreu. Eu estava vendo ela como ela estava naquele momento, em decomposição. E ao meio dia desse novo dia que acabara de nascer, ela seria cremada. Entende meu sofrimento? Ela seria queimada até o nada na minha frente, e eu só poderia ver, sem fazer nada contra.
Liguei para seus pais, para a igreja, para a funerária, para quem pude para tentar evitar que a queimassem, mas ela me segurou, bem naquele lugar na nuca e me disse que estava tudo bem, tudo bem, me olhou nos olhos e agora ela começava a ficar grotesca de verdade, afundada... morta. Ela disse que me amaria para sempre e naquele momento eu soube exatamente o que faria.

Nas últimas horas o sol subiu alto e um lindo dia havia se formado. Nós assistimos as nuvens se tornarem formas engraçadas, e ao aproximar da tarde eu inventei uma desculpa para ficarmos no meu closet e lá esperamos. Quando o chegou o meio dia, eu vi seu olhar. Soube antes de começar. Ela me disse que não estava doendo. Fumaça começou a sair de seus olhos e seu cabelo pegou fogo. Uma calma fria se abateu sobre ela e calmamente a segurei em meus braços. As chamas começaram a me queimar também. Ela tentou me empurrar, mas não tinha mais forças. Sentia as chamas me queimar e não gritei. Não gritamos, não reclamamos, não falamos nada. Pude ver seu rosto se tornar uma massa preta disforme e o pressionei contra meu peito. Apertei ela e disse que a amava mais do que tudo e para sempre e a veria logo. Segurei-a até que virasse cinzas em meus braços e caísse pelos meus dedos.

Abri os olhos e não a vi mais ali. Nenhum traço dela. Nem cinzas, nem roupas, nada. Nada no closet havia queimado e minhas queimaduras haviam sumido.
Havia sido tudo isso só tristeza? Eu imaginei tudo? Ela esteve realmente ali esse tempo todo? Não sei. Escrevi isso para que minha família e amigos entendam o que eu tive de fazer. Não ficaria aqui sem ela. Não posso. Vou encontrá-la de novo e lá estará ela, acompanhada de seu brilho nos olhos e tudo estará bem de novo. Tudo bem.

7 Pecados Capitais no Bob Esponja

Eu sou fã do Bob Esponja por anos e acho que a profundidade dos personagens é uma das coisas que realmente faz o desenho ser bom. Desde quando ouvi o Sr. Lawrence dizer (nos comentários dos DVDs da 1ª Temporada) que Stephen Hillenburg baseou os 7 personagens principais nos 7 Pecados Capitais, eu não conseguia deixar de estar tão fascinado com isso. Acho que descobri qual pecado corresponde a cada personagem.

1. Preguiça [Patrick] - Preguiça é o pecado da preguiça, ou falta de vontade para agir. Obviamente este é o Patrick. Ele vive debaixo de uma pedra o tempo todo e realmente não faz nada. Na verdade, no episódio "O Grande Fracassado Cor de Rosa (2º Temporada)", ele ganhou um prêmio por não fazer absolutamente nada durante mais tempo.

2. Ira [Lula Molusco] - A ira se envolve em sentimentos de ódio e raiva. Lula Molusco odeia a sua vida, odeia principalmente o Bob Esponja, e é basicamente zangado com tudo o tempo todo.

3. Avareza [Sr. Siriguejo] - Obviamente, o Sr. Siriguejo é ganancioso e desejoso por dinheiro. Como o velho Siriguejo não poderia representar a Avareza? Ele até cantou sobre o poder da cobiça em "Á Venda (4º temporada)".

4. Inveja [Plankton] - Plankton tem inveja do Sr. Siriguejo, porque o Siri Cascudo é um sucesso enquanto o Balde de Lixo é um fracasso. Sua inveja leva-o a tentar roubar a fórmula secreta do Siri Cascudo toda vez.

5. Gula [Gary] - Eu acho este aqui realmente muito engraçado. Você já percebeu a piada recorrente no desenho, onde eles dizem "Não se esqueça de alimentar o Gary" ou que o Bob diz: "Eu tenho que ir dar comida pro Gary". Gary até mesmo fugiu de casa, naquele episódio em que o Bob Esponja se esqueceu de alimentá-lo. A gula normalmente se refere ao excesso de comida, então eu suponho que este se encaixe muito bem nele.

6. Soberba [Sandy] - Sandy tem um excesso de orgulho em quem ela é e de onde ela vem. Ela se orgulha do fato de que veio do Texas, e gosta de ter certeza com que todo mundo saiba disso. Ela também se orgulha muito do fato de ser um mamífero e uma criatura da terra, como foi mostrado no episódio "Pressão (2º temporada)", onde ela tenta provar que criaturas terrestres são melhores do que as criaturas marinhas.

7. Luxuria [Bob Esponja] - Ok, eu sei o que você está pensando. Parece um pouco estranho e curioso no começo, mas eu pensei muito para chegar a essa conclusão, e não foi a toa. Luxuria, em uma definição mais correta, significa "amor excessivo dos outros". Eu acho que isso se encaixa melhor no Bob Esponja. Ele mostra seu amor excessivo pelos outros com suas formas exageradas de fazer o bem e ajudar as pessoas. Se alguma coisa é realmente verdade sobre o Bob Esponja, é que ele ama todos ao seu redor, mesmo que eles não exatamente retornem todo o seu amor.

Eu realmente acho que as pessoas do desenho tentam ser inconsistentes de propósito. Só para ser engraçado. Ou eles estão tentanto nos dizer algo que nós não deveríamos saber sobre o início do desenho, se é verdade, então o que vai acontecer a seguir...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Palhaço


Há muito tempo atrás, lá pelos anos 40 ou 50, havia um grande circo em um pequena cidade no estado de Ilinois, nos Estados Unidos. Mark Donald, era o palhaço do circo. Mark, sempre foi um homem introspectivo, amargurado e sombrio, mas que no fundo gostava de trabalhar como um palhaço, embora nunca tivesse sentido realmente o que é a felicidade. Mas por outro lado, colocar sua maquiagem e vestir sua fantasia, era como se ele assumisse outra identidade. Vestido de palhaço, Mark se sentia melhor, mais confortável e alegre, era a única coisa que o fazia se sentir realmente bem, animar as pessoas, produzir risadas.


 Ele foi criado no circo, por seu pai, um domador de animais selvagens e dono do tal circo já mencionado. Sua mãe, uma trapezista que segundo os relatos era muito talentosa, morreu durante o seu parto. Seu pai acabou por falecer mais tarde, em decorrência de uma grave doença que o levou a loucura e mais tarde a morte. Sobrou para o infeliz Mark comandar o circo, mas ele não levava jeito para comandar e aos poucos, um por um dos artistas que ali trabalhavam foram o abandonando. Por fim, o palhaço ficou sozinho. Era a decadência do grande circo. A solidão acabou o enlouquecendo também, gradativamente, até o ponto em que Mark chegou à extrema insanidade.


 Em uma atitude desesperada para levantar seu circo, prometeu a cidade um grande espetáculo, jurando que ali seu circo iria retomar o vigor de antigamente, em um show totalmente gratuito. E na data e horário combinado, ali estava toda a cidade, lotando o picadeiro, prontos para assistir o tal espetáculo. Logo Mark entrou, vestindo sua habitual fantasia de palhaço, um pouco mais suja e maltrapilha que o de costume.


 Tudo foi bem, Mark fez o seu número e como sempre, foi um sucesso, todos ali presentes foram às gargalhadas. Mas ele não quis parar ali, quis fazer todos os números que o circo fazia normalmente...porém, agora ele estava sozinho. O pobre palhaço encarnou todos os artistas e até os animais que faziam parte do show, o que resultou eu um espetáculo no mínimo, patético e bizarro. Em seu ultimo número, Mark tentou fazer o número do trapézio, mas ele não era um trapezista e logo na primeira tentativa, caiu no chão.


 Todo quebrado, machucado, caído, ali no picadeiro, sua maquiagem misturando-se as lágrimas de dor e sangue. A plateia, que por um momento estava em silencio, logo ficou tomada por um barulho ensurdecedor, barulho esse que Mark conhecia muito bem. Eram risos. Mas eles não estavam rindo com Mark e sim de Mark. Logo um sentimento de humilhação e ódio, tomou conta do palhaço. Era perturbadora a situação que o pobre palhaço se encontrava.


 Ele foi socorrido e levado ao hospital, mas fugiu assim que melhorou. Voltou ao seu circo e lá começou a confabular planos de como se vingaria das pessoas que naquela noite, riram dele e o humilharam. E logo um plano veio a sua cabeça e um sorriso maligno se formou em seu rosto. Alguns dias depois, Mark estava vendendo sanduíches para todas as crianças da cidade. O palhaço era um grande cozinheiro e logo seus sanduíches fizeram sucesso e a fama se espalhou pela cidade, em pouco tempo todas as crianças queriam experimentar a iguaria. Um grande sucesso, mas que logo foi sucedido por uma tragédia.


Na mesma noite, praticamente todas as crianças da cidade padeceram e acabaram falecendo. A causa, logo foi descoberta pelos médicos, foram todos envenenados por cianureto. A culpa recaiu sobre o palhaço e embora as autoridades tenham tentado conter a população, em vão, toda a cidade estava revoltada com a barbárie.


Todos revoltados, por terem perdido seus filhos na tragédia foram atrás do palhaço para fazerem justiça com as próprias mãos. Os revoltosos, aproveitaram que Mark estava dormindo e atearam fogo no circo. O assassino até tentou se salvar, mas acabou sendo consumido pelas chamas. Mas infelizmente, a história não acabou aí.


Era o fim definitivo do circo, mas não o de Mark. Apesar de louco, Mark era esperto e logo que morreu, tratou de fazer um acordo com a própria morte para conseguir escapar de seu castigo. Caso a morte, permitisse que Mark ficasse na terra, vivo, ele enviaria milhares de outras para ela. Assim, o palhaço enganou a morte e voltou a terra, como um aliado da própria e responsável por lhe enviar outras pessoas para que ela pudesse leva-los. Mark se especializou, ficou rico, poderoso e continuou levando as pessoas a morte, porém agora ele mata as pessoas mais lentamente, aos poucos, mordida após mordida, sem pressa, enviando suas vitimas uma a uma, direto para os braços frios  da morte. Sim, Mark continuou matando as pessoas usando a comida como arma. E você provavelmente deve conhecê-lo, ele acabou se tornando muito famoso.


 Aliás, faz quanto tempo que você não vai ao McDonald?

O lado negro de Goosebumps


Goosebumps foi um dos destaques de minha infância. Devo ter lido praticamente todos os livros e assistido a uma grande parte dos episódios. A melhor coisa era a razão de todo o terror das histórias. A maioria das histórias tinham monstros, fantasmas e demônios. Mas eu amava aquelas que realmente fodiam com o seu cérebro, como “Um Choque na Rua Shock”. Goosebumps era minha série favorita de livros, mesmo que me mantivessem acordados durante toda a noite.

Na semana passada, eu estava limpando meu quarto reserva. Estava cheio de caixas, livros e roupas velhas, o que era estranho, visto que eu só estava morando em minha casa a três meses. Encontrei uma velha caixa marrom com a palavra "GOOSEBUMPS" escrito nela. Todos os meus antigos livros Goosebumps estivessem dentro dela. Uma onda de nostalgia tomou conta de mim, e eu chorava enquanto olhava para as capas que me deixavam cagando de medo em minha infância. Muitas das páginas estavam com as pontas dobradas, e eu também encontrei dois marcadores e seis cartões de visita.

Na parte inferior da caixa estava uma fita VHS. O titulo "Goosebumps: Esconde-Esconde" estava escrito nela com marcador permanente azul. Eu sinceramente não me lembrava de possuir qualquer episódio da série de TV, então achei muito estranho aquela fita estar lá. Cego pelas memórias de minha infância, não cheguei a pensar muito nisso, e somente pensava nas memórias que o episódio iria me trazer quando o assistisse.

Demorou um pouco pra encontrar meu videocassete no meio de toda aquela bagunça, mas depois de cerca de vinte minutos, finalmente achei. Depois de instala-lo na sala, comecei a assistir a fita. Tudo começou com R.L. Stine (o narrador e criador da série) surgindo debaixo de uma cadeira. Ele começa a falar sobre o jogo Esconde-Esconde: "Não é maravilhoso quando você encontra um bom esconderijo para que ninguém consiga encontrá-lo até o fim?", disse ele, agora sentado na cadeira. "Mas, às vezes, os melhores esconderijos... Podem acabar sendo os piores", continuou ele. Em seguida, o episódio começa.

Três garotinhas estavam num quarto sentadas em círculo. Uma delas aparentemente estava contando uma história assustadora. "Pare com isso Amy! Você está me assustando!", gritou uma das amigas.

"Vê se cresce, Rachel! Não é real!" zombou Amy.

"Talvez devêssemos fazer outra coisa, Amy", disse outra garota.

"É uma festa do pijama, Emily! Isso é o que você faz: Conta histórias de terror! Mas já que você é muito criancinha pra essas coisas, vamos fazer outra coisa", disse Amy.

"Vamos brincar de Esconde-Esconde!", exclamou Rachel, alegre.

"Tudo bem. Não está comigo!", gritou Emily.

"Também não está comigo!", gritou Rachel.

"Tudo bem, tudo bem, está comigo. Eu vou contar até sessenta!", disse Amy, e em seguida começa a contar. Quando chega ao três, Emily corre pelo corredor e se esconde em um armário.

Depois de esperar por algum tempo, ela dá uma olhada no relógio e grita: "Gente! Vocês já desistiram?" Em seguida abre as portas e olha pra fora.

Ela estava em um quarto muito escuro. Havia somente um pequeno homem de terno com o rosto muito borrado, parado em sua frente.

"Bem-vindo", disse ele em uma voz profunda.

"Quem é você?! Onde estou?!", perguntou Emily em uma voz de pânico. "Espere só até meus pais chegarem para casa, eles irão me encontrar!"

O homem riu. "Vocês humanos me divertem. Seus pais te odeiam. Você odeia seus pais."

"Isso é mentira! Eu os amo e eles também me amam!", gritou Emily.

"O amor é apenas uma reação química. Composta para nos fazer pensar que viver realmente valesse a pena. Todos nos odiamos. Sentimentos são feitos somente para nos confortar...”.

Emily se arrastou de volta ao armário, chorando. Você pode ouvi-la batendo na parte de trás da porta.

O homem olha para a câmera: "Seus pais te odeiam muito. O amor é falso. Você odeia todos os seus chamados ‘amigos’. Ninguém se importa com você. Você não se importa com ninguém. Não há nenhuma razão para vivermos, nós somente gostamos de fingir que há. Você pode muito bem acabar com isso agora. Não é tão doloroso quanto você pensa...".

A cena muda para Emily dentro do armário. Ela abre as portas novamente. O homem ainda estava lá. Ele estava prestes a dizer algo, mas eu desliguei a TV antes que ele o fizesse.

Fiquei sentado lá durante uma meia hora, olhando para a estática. Decidi tomar um banho logo em seguida, o que provavelmente deixou os vizinhos estressados, já que era meia-noite, mas eu não dava à mínima. Tentei ler algo para me distrair, mas não conseguia prestar atenção nas palavras. Tudo que eu conseguia ouvir eram as palavras daquele homem: "Ninguém se importa comigo, eu não me importo com ninguém", disse a mim mesmo várias vezes.

Tentei entrar na Internet. Dei uma olhada em algumas paginas do 4chan, tentei ler umas Fanfics, mas eu não conseguia tirar essas palavras de minha cabeça. Entrei no Facebook. Todos esses "amigos" me mandando mensagens, me convidando pra festas, postando fotos de mim. Eles não se importavam comigo. Sentimentos são feitos somente para nos confortar. O amor é apenas uma reação química. Eu poderia muito bem acabar com isso, agora mesmo.

A lenda do boneco Robert


Conta a lenda que, em 1896, uma empregada insatisfeita, “praticante de voodoo”, resolveu dar um “presentinho” aos seus patrões.
A empregada deu ao filho de seus patrões, Robert Eugene Gene, um boneco “recheado de palha”, com cerca de 1m de altura. O boneco tinha “um rosto humanizado”, rapidamente se tonou adorado e amigo inseparável do menino, que o chamou de “Robert”.
O pai do menino ouvia constantemente o garoto falar com o boneco, o mais incomum é que uma voz diferente respondia.
Repentinamente coisas estranhas começaram a acontecer na casa. Vizinhos relatavam verem Robert “aparecer de janela em janela”, quando não havia ninguém em casa. Os pais do garoto ouviam risos do boneco e afirmavam verem o vulto dele correndo na casa.
Gene começou a ter pesadelos constantes e acordava gritando, mas quando seus pais chegavam no quarto encontravam tudo bagunçado, o garoto encolhido, com medo, e o boneco sentado aos pés da cama, enquanto Gene afirmava “Foi o Robert!”.
O boneco então foi trancado no sótão e lá permaneceu por anos. Após a morte dos pais, Gene encontrou o boneco e resolveu deixá-lo em seu quarto, o que trouxe mal estar a sua esposa. O boneco anda exercia muita influência sobre Gene.
Certo dia sua esposa, cansada do boneco, colocou-o no sótão novamente. Gene porém, ficou muito chateado, e exigiu que o boneco fosse colocado em frente a uma janela, para que pudesse ver a rua.
Dentro de pouco tempo, a sanidade de Gene começou a ser questionada e a história do boneco e suas maldades se espalharam por Key West. Pessoas começaram a afirmar que “viam o boneco na janela rindo de suas caras quando passavam na frente da casa”, as crianças evitavam passar por ali.
Gene contou certa vez que, ao entrar no quarto do boneco o encontrou na cadera de balanço, com raiva do quarto, fazendo com que Gene se enchesse de Robert. As pessoas que visitavam a casa afirmavam ouvirem passos no sótão e risadas muito estranhas, mas depois de certo tempo as visitas se acabaram.
A história do boneco “Robert” somente foi esquecida em 1972, quando Gene morreu e a casa foi vendida.

Robert esperou quieto no sótão até o momento certo, quando foi redescoberto pela filha de 10 anos dos novos proprietários da casa.
Pouco tempo após ter encontrado o boneco, a menina começou a reclamar que Robert “a torturava e infernizava sua vida”. Mesmo após 30 anos, a menina continuava a afirmar que “o boneco estava vivo e que queria matá-la”.
Hoje Robert permanece trancado no Key West Martello Museum, vestido com a mesma “roupa branca de marinheiro”, mas funcionários do museu afirmam que “Robert ainda faz seus truques nos dias de hoje”.

Trens


Se você esperar em qualquer estação de trem, em qualquer data específica (tendo sido esses dois marcados por você mesmo com 1 mês de antecedência), após algumas horas de espera aparecerá um trem que não estará dentro do horário, sem nenhum ponto final ou estação demarcada. O exterior será igual aos trens que você vê na determinada estação, mas quando entrar nele, verá um interior antiquado, muito bem decorado e agradável. Algo como primeira classe de trens a vapor dos anos 30.

Escolha um assento e aproveite a viagem. O motor a vapor é maravilhoso, os assentos são confortáveis, a decoração é exótica, lindas janelas e elegantes seleções de cores.

A tripulação é refinada e muito apreciável. Os cobradores conversam com você. De meia em meia hora, um garçom vem lhe oferecer os mais selecionados pratos.

A paisagem do lado de fora é estonteante. Lagos e montanhas, florestas profundas e praias cristalinas. Não tente reconhecer nada. Nenhuma árvore ou grão de areia cooresponde a algo da geografia conhecida.

Você não está sozinho. O trem está cheio de passageiros. Alguns vestidos como você, outro em roupas cerimoniais de civilizações estrangeiras, poucos vestido com muita elegância e muitos com roupas luxosas de no mínimo um século e meio atrás. Outros usam roupas que você nunca teria visto ou nunca imaginado, de cores que você nunca viu, o que pode lhe parecer totalmente enlouquecedor, e eles carregam coisas - eletrônicos, acessórios, gadjets?- que você nunca imaginaria.

Quando o trem chega na quarta parada (isso leva muitas horas), saia dele. Se você desembarcar antes, desaparecerá. Se você voltar - e alguns conseguem - você falará uma língua diferente, uma completamente desconhecida em nosso mundo. Você entrará em pânico e enlouquecerá em dias. Não comerá, não dormirá e só desejará o mundo que deixou para trás até a sua morte.

Se você descer depois da quarta parada?

Ninguém sabe.

Mas sabe-se que de tempos em tempos um corpo desmembrado é encontrado nos trilhos perto das plataformas de desembarque. Geralmente são só massas de carne em putrefação, vagamente reconhecidos como humanos. Apesar do absurdo do estado de decomposição que levaria muito tempo, eles aparecem bem rapidamente, em um piscar de olhos, muitas vezes.

Muitas vítimas ficam sem indentificação por não mostrarem nenhum sinal que possa ser usado para reconhece-los. Os identificados, entretanto, estavam cobertos por passagens de trens aos seus corpos, datados para viagens de dias, semanas, até meses e as vezes anos.

Dirão que foram suicidas ou pessoas que caiam acidentalmente nos trilhos.

Mas você sabe a verdade.

Interferência


Deixe-me começar dizendo que isso é uma história real da minha infância, se você visitar a grande biblioteca no centro de Notthingham, e procurar pelos registros de jornal, você vai encontrar a matéria que eu detalho aqui.

Tudo isso se passou a mais ou menos 15 ou 16 anos atrás. Eu tinha 7 anos e meu primo Dale talvez uns 9. Talvez 10. Ele ficaria lá em casa naquela semana. Sendo eu  a única criança eu não tinha muitos brinquedos... e meu Sega Genesis estava quebrado. Então não tínhamos muito o que fazer.

Nossos dias consistiam em assistir desenhos na TV e no Dale me contando histórias de terror quando chegava a noite. Minha mãe, empatizando conosco, comprou um par de walkie talkies para brincarmos. Nos divertimos muito, brincávamos ao redor da casa até as 17 mais ou menos e não íamos muito longe. Lá pelas 18 tínhamos que jantar e não tinha mais tanta graça brincar com os walkies dentro de casa. Esperávamos a hora de dormir para ficarmos trocando histórias de fantasmas de um quarto pro outro.

Nos falamos por umas horas até Dale começar uma história de um monstro que assombrava a floresta ali perto e sua voz ser cortada pro estática que dá quando se solta o botão no meio da fala. Respondi e esperei ele falar. Continuou estática entrecortada pela voz dele, e então começou a parte assustadora.

No meio dos chiados e da voz de Dale, pude ouvir uns gritos e choros de bebê. Foram os segundos mais estranhos da minha vida, conversar com Dale sendo interrompido por choros, gritos, barulhos estranhos e estática, enquanto só comentávamos o quanto AQUILO era estranho. Até que parou. Corri até o quarto de Dale e ele estava sentado na cama com a luz ligada. Esclarecemos que não era nenhuma brincadeira de nenhuma das partes e ligamos de novo. Agora o choro, os gemidos e os gritos estavam bem mais claros. Muito aterrorizados, desligamos os walkie talkies e fomos dormir. Tentei me convencer de que era tudo problema dos fones ou algo assim... Ou só a estática fazendo barulhos semelhantes ao que achei que havia sido.

Fui acordado no dia seguinte por uma multidão em frente a minha casa acompanhando a prisão da nossa vizinha. Ela havia se mudado a pouco tempo com seu filho mais novo, logo após a morte do nosso vizinho de idade avançada.. Dale e minha mãe estavam lá em baixo olhando tudo enquanto ela gritava xingamentos e profanidades. Ela conseguiu sair do poder da polícia mas logo foi pega e algemada dentro do carro. Ela era uma pessoa normal, tinha se mudado a pouco tempo e não tinha motivo aparente para ser presa.

No dia seguinte estava no jornal o motivo da prisão. Ela havia matado seu filho, ainda um bebê, aparentemente após de ver assustadoras aparições do nosso vizinho recentemente morto. Ela recebeu visitas do fantasma por semanas até que enlouqueceu, se machucou, quebrou móveis da casa e assassinou seu filho.
Essa não era a parte mais assustadora.
O laudo policial mais detalhado contava que a babá eletrônica havia sido deixado ligada.
A estática que os walkie talkies capturaram foi por isso. Só interferência.

Eu e meu primo ouvimos tudo enquanto ela matava seu filho.

domingo, 14 de outubro de 2012

Observar e Absolver


Há um manicômio abandonado no topo de uma colina, em Worcester, Massachusetts. Uma vez a cada cinco anos, uma caixa velha e enferrujada de mola aparece dentro do pátio do hospital. Se você conseguir invadir e dormir durante a noite na cama, na manhã, um homem com uma camisa que diz "observar e absolver" vai tirar a carteira e dar-lhe uma fotografia. Esta imagem vai mostrar como você vai morrer.

Se a imagem é de um homem de pé diante de você, correr não vai ajudar.


Disneylândia


Em 1999, minha família visitou a Disneylândia. Animados, fomos na atração It’s A Small World. Eu tinha 12 anos na época e minha irmã tinha 6 anos. Nós amamos cada momento, e nossos pais choraram de alegria com nostalgia. Mas eu me lembro que uma vez, perto do fim da atração, algumas luzes desligaram de repente, e as luzes da parte de trás iluminaram o teto. As partes móveis do brinquedo se desligaram, e os engenheiros de manutenção, vestindo macacões vermelhos, caminhavam para ajudar os passageiros nos barcos a saírem do enorme castelo por meio de saídas de emergência. Uma voz veio ao longo dos alto-falantes: "Disneyland thanks you for your visit. Please evacuate the attraction in an orderly fashion. Keep looking foward and follow the directions of staff. Thank you (A Disneylândia agradece pela sua visita. Favor evacuar a atração de forma organizada. Continue olhando para frente e siga as instruções do pessoal. Obrigado.)"

Os engenheiros não diziam muitas coisas para nós, pois eles rapidamente nos conduziam para fora do prédio. Haviam ambulâncias do lado de fora, e um carro de polícia estava estacionado na passarela principal. Na época, minha mãe ainda tinha sua câmera, então pode tirar algumas fotos dos tripulantes e close-ups dos brinquedos mecânicos. Ela tirou varias fotos às cegas de última hora, até terminar o último rolo de filme na câmera, já que estávamos indo revela-los no final da tarde, de qualquer maneira. Esta foi a última foto do carretel, visando o teto da atração.

Rosto.jpg


Em 1991, um assassinato foi registrado no arquivo da polícia. Como sou um estagiário no departamento de polícia, tive completo acesso ao arquivo.

Eu estava andando por lá, até que encontrei um arquivo de caso de assassinato em uma dessas prateleiras abandonadas que ninguém abre mais. Fiquei curioso, então o tirei de lá. Como nossos arquivos são armazenados digitalmente, havia somente um USB lá dentro. Fui para o computador, pluguei o USB, e apareceu um arquivo nomeado: V28956, assim como os homicídios geralmente são registrados. Dentro do arquivo estava uma descrição completa do crime, depoimentos de vizinhos e todas as coisas de costume. Porem tinha um arquivo que fez com que eu levantasse minhas sobrancelhas de curiosidade, chamado ARQUIVOS DIGITAIS. Este arquivo só aparecia se algo digital tivesse a ver com o assassinato, por exemplo, sons do assassinato, os vídeos que deixaram as pessoas loucas o suficiente para matar suas vitimas. Eu cliquei, e dentro havia um arquivo. jpg e um arquivo .doc. Clicando no .jpg, descobri que era uma foto muito perturbadora de um rosto. Eu nunca tinha visto nada parecido antes; parecia que tinha sido tirada com uma Kodak. Encolhendo os ombros, decidi abrir o arquivo .doc, chamado EXPLANATION.doc. Aqui vai o que estava escrito:

"O assassino disse que matou a vítima por causa do efeito da imagem. Ele disse que a encontrou em um velho disco rígido (HD), e após vê-la, teve pesadelos constantes e lúcidos sobre rostos brancos amaldiçoando-o com as palavras ‘K'yalla Iömed wÿarñ’. Ele começou a ficar louco e perguntou por que eles estavam amaldiçoando-o daquela forma. Ele disse que a única maneira de fazê-los sair era dar-lhes poder de vida, matando outras pessoas, então ele decidiu fazer um ‘sacrifício’, e então matou sua própria filha de 8 anos. Ele destruiu os membros da garota com um martelo, escreveu a frase ‘K'yalla Iömed wÿarñ’ em seu torso usando uma faca, e escondeu o cadáver debaixo de sua cama. Depois disso, ele afirma que seus pesadelos pararam, até os vizinhos estranharem a ausência da garota e chamarem a policia.

Os policiais que viram a imagem não relataram quaisquer pesadelos semelhantes."

Taper8097=.bsp.wmv

Em 20 de Julho de 2011, o usuário "slackingstacker" postou um vídeo  chamado de "Taper8097=.bsp.wmv". Ele afirma ser uma fase "easter egg (secreta)" do game Half Life 2, mas o método de encontra-la e sua verdadeira origem, nunca fora descoberta por ninguém.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Não se preocupe


Você está em um sono leve quando é acordada pelo toque distante do telefone. Seus pensamentos reúnem-se e você geme, estendendo a mão para responder.

Assim que você colocar o telefone próximo ao ouvido, você é recebido pelo ruído de fundo que consiste em gritos distorcidos. Havia pessoas em dor agonizante implorando por ajuda ou morte, não que a interferência permite ouvir qualquer voz individual com bastante clareza.

"Saia da casa agora!"

A chamada termina abruptamente após o que você poderia jurar que era uma voz mais perto de você do que no outro lado. Você gira seu corpo na cama, grogue suspirando enquanto esfregava os olhos. Uma chamada surpreendente como essa conseguiria manter você acordada pelo resto da manhã.

Seu marido moveu-se para o lado, aparentemente, também acordado pela chamada. Ele envolve seus braços em torno de você e dá um leve beijo no pescoço.

"Não se preocupe com isso." Seu suspirar meio adormecido acalma um pouco.

Então quando você está prestes a colocar o telefone no gancho, ele toca novamente. Você se atrapalhar um pouco e o solta. Você sente os braços de seu marido apertando em torno de você, impedindo-a de inclinar-se para frente.

É aí então que você percebe uma sutil diferença entre os braços ao seu redor e os de seu marido.

"Ele já está muito atrasado para salvá-la de qualquer maneira."


A Mão do Sofá


Quando eu era criança, tínhamos um sofá velho na nossa casa. Ele era velho e muito brega. Minha mãe tinha conseguido ele em uma venda de garagem ou algo assim. Um dia decidimos guardar o sofá no sotão. Foi quando eu era pequeno, mas eu lembrava.
De qualquer forma eu estava conversando com minha mãe e nós trouxemos o sofá velho e ela me falou algo que eu não tinha lembrado por anos.
Quando eu era muito novo, talvez quatro ou cinco anos, eu estava brincando perto do sofá e uma mão negra e seca foi estendida a mim segurando um saco de papel amassado com um logotipo estranho de uma loja de ferramentas nele.
Eu estava assustado e eu não toquei. Após alguns segundos, a mão voltou debaixo do sofá com saco e tudo mais.
Quando eu falei à minha mãe sobre o incidente logo que aconteceu, ela se apavorou ​​e se livrou do sofá. Descobriu-se que a última proprietária era uma velha que tinha morrido no sofá.
Agora é onde fica mais estranho. Eu estava na cidade outro dia, em uma mercearia que costumo visitar, e notei um saco com o mesmo logotipo que estava sob o sofá. Nenhuma mão velha o estava segurando por isso tive coragem de abri-lo e olhar dentro.
Era um saco com lâminas de barbear.

Perto o Suficiente


Uma jovem garota, no caminho de volta para casa, encontrou uma pequena pilha de fotos Polaroid. Haviam vinte no total, embrulhadas com uma faixa de borracha. Ela apanhou-as, e enquanto caminhava, começou a folheá-las. A primeira foto foi de um homem branco - como um fantasma - em um fundo preto, e como estava longe da câmera, era difícil distinguir suas feições. A garota deslizou a fotografia para trás e olhou a próxima. A foto era do mesmo homem, mas agora estava um pouco mais próximo. Ela folheou as fotos que seguiam rapidamente. Cada vez o homem da foto vinha para mais perto e seu rosto ficava mais nítido.

Virando a última esquina da sua casa, a garota notou que o homem das fotos parecia estar olhando para ela, mesmo quando ela havia deixado a fotografia lado a lado da pilha. Ele assustava, mas ela continuou folheando, uma por uma. Na imagem 19, o homem estava tão próximo que o seu rosto parecia preencher a foto. Sua face era a mais terrível que a garota tinha visto. Próxima a entrada da garagem, ela virou para a última foto.

Desta vez, ao invés de uma imagem, haviam palavras: "Perto o suficiente."

Ouvindo um grito fora de sua casa, o irmão da garota correu para a porta e abriu-a. Tudo o que viu foi um monte de fotos estendidas na porta, vinte no total. A primeira parecia uma versão extremamente pálida da sua irmã, mas ela estava muito distante para ele ter certeza ...


John George Haigh - O vampiro do ácido sulfúrico



 John George Haigh nasceu em 1909, em uma família de protestantes conservadores. Seu pai criou uma cerca no jardim da sua casa, e não deixou John conhecer o mundo exterior.
Depois ele ganhou uma bolsa de estudos em uma escola, se formou e passou a trabalhar como aprendiz de engenharia numa empresa de Motor. Depois teve outros empregos em empresas de seguro e publicidade, aos 21 anos ele foi demitido por suspeita de roubar dinheiro.

Se casou aos 23 anos, mas o casamento não durou muito, ele foi preso por fraude em outra empresa, sua esposa estava grávida, ela deu a filha para adoção quando nasceu e largou o John.

Dois anos depois ele se mudou para Londres em 1936, trabalhou como motorista, depois virou um falso advogado e foi preso novamente por fraude. Durante esse período na prisão ele quis ser um assassino perfeito, eliminando o corpo de suas vítimas derretendo em ácido sulfúrico. Ele testou isso em ratos e viu que demorava 30 minutos para o corpo desaparecer.

Quando saiu da prisão em 1943 ele virou contador de outra empresa de engenharia. Encontrou com um antigo patrão que virou sua primeira vítima.
Ele atacou sua vítima acertando ela na cabeça e depois levou para um porão, onde ele colocava o corpo em um tambor de 40 litros de ácido súlfurico. Voltava 2 dias depois quando o corpo já tinha sido dissolvido e jogava a "lama" que ficou num bueiro.
Com isso ele falsificava documentos e vendia os bens de sua vítima, e passou a viver aplicando esse "golpe". Ele matava suas vítimas acertando elas na cabeça, eliminava os corpos e roubava os seus bens. Ele acreditava que era o assassino perfeito porque imaginou que sem corpo, ninguém poderia condena-lo por assassinato.

Sua ultima vítima foi uma idosa de 69 rica, mas um amigo dela estranhou seu desaparecimento e chamou um detetive para investigar.
Com isso a polícia encontrou o porão em que John dissolvia suas vítimas, e uma perícia encontrou restos de 3 corpos humanos, incluindo dentes.

John confessou o assassinato de 9 pessoas e foi condenado a morte por enforcamento.
Ele tentou se livrar da morte alegando insanidade, e afirmou que bebia o sangue de suas vítimas, com isso criou uma lenda de que ele seria um vampiro.
Não conseguiu se livrar da sentença e foi enforcado em 1949.

John Haigh ficou famoso como o assassino do balde de ácido. Ele é lembrado em seriados sobre serial killers, e muitas lendas de vampiros também.

HELP ME.scr


HELP ME.scr é uma estranha animação feita usando as ferramentas do site "Scratch". Não se sabe realmente quem é o criador desta animação, já que muitas pessoas voltaram a colocar o vídeo na integra depois que ele fora proibido.

Neste momento, o único lugar conhecido para conseguir assistir esta animação é no próprio site “Scratch”, que está disponível clicando aqui. Poucas pessoas assistiram o vídeo antes que ele fosse banido, e eu fui uma dessas pessoas.

A animação começa mostrando um “gato desenhado em rascunho”, com os olhos pretos ensanguentados, e um assustador sorriso negro, empunhando uma faca, matando outro gato enquanto uma musica estranha toca ao fundo. Depois de um certo período de tempo, um fantasma irá piscar na tela. Este fantasma é Uboa, do jogo Yume Nikki.

Mas esta não é a parte mais assustadora; existem alguns rumores de que várias pessoas que assistiram esta animação ficaram obcecadas por ela, e foram encontradas mortas em suas camas, com seus computadores ligados e a área de trabalho alterado para uma grande foto de Uboa.

Não há muito mais informações disponíveis sobre o assunto, mas tentarei encontrar qualquer informação possível. Como eu disse, você pode assisti-lo clicando neste link.
_________________________________________________________________________________

ATUALIZAÇÃO

Um garoto de uma cidade chamada Kaidon Rogers foi levado às pressas para o hospital Adalade por tentativa de suicídio. Ele tentou cortar o pulso, até que seus pais o encontraram rapidamente. Aparentemente, pelo que indicada o histórico de seu computador, ele havia assistido a essa animação alguns minutos antes do incidente. Ele faleceu, pouco depois de chegar ao hospital
_________________________________________________________________________________

NOTAS

- O título do vídeo é "Help Me", e o primeiro comentário da pagina, "Por favor, eu não queria mata-los", podem estar ligados.

- "Dylanwalsh" não foi o criador do vídeo, ou seja, seu comentário pode estar relacionado com seus amigos ou familiares.

- "Dylanwalsh" respondeu a um comentário perguntando o que ele havia feito, somente com a frase: "ELES NÃO PRECISAVAM MORRER".
_________________________________________________________________________________

ATUALIZAÇÃO: 13 DE SETEMBRO DE 2012

Hoje a noite, dylanwalsh apagou seu vídeo, e não há mais nenhuma maneira de assisti-lo, por enquanto. Esperemos que, no futuro, surjam mais cópias dele...

Sussurros

Estou postando essa noite na esperança que clareie-se todos os mal-entendidos à respeito do desaparecimento de Debra Lindsay Caine, correndo assim os meu próprio risco. Pau e pedras e essas coisas... Nada disso irá importar depois dessa noite. Considerem isso como minha patética tentativa de desculpas, nada além disso. É mais ou menos minha culpa que isso tudo tenha acontecido, afinal.

Mesmo em seu auge, a blogueira Sugarcaine era apenas mais uma comediante de internet. Ela era mais engraçada que a maioria e certamente hábil com a caneta, mas por outro lado  não tão conhecida como o resto. Por anos as circunstâncias a respeito do seu desaparecimento eram apenas ocasionalmente mencionadas apenas nos mais obscuros tópicos  de alguns fóruns. Ela teria sido esquecida por completo se aqueles funcionários públicos  não tivesses encontrado a fita gravada na última segunda-feira.

A verdadeira identidade de Sugarcaine era uma menina ruiva fofinha que se vestia como um garoto chamada Debra Lindsay Caine. Sua irmã Payton descrevia ela como "... um saco cheio de pregos, punhos e opiniões apenas esperando uma desculpa para se abrir à alguém, regada a cerveja e Sprite desde que nossa pai morreu em '91."

Debra involuntariamente começou sua carreira como um blog de humor quando uma amiga convenceu-a a criar uma conta no MySpace. Ela achava que blogs eram puro egocentrismo, choramingo, e sem substância, e então começou a usar sua página do MySpace para parodiar as estúpidas divagações de seus semelhantes. Depois de certo tempo ela se graduou em menosprezar os populares e ocasionalmente por revisar alguns livros, revistas em quadrinhos, filmes, e qualquer e-mail de odiadores que ela recebia de sua crescente rede de leitores.

Ela rapidamente percebeu que as pessoas gostavam do que ela escrevia, e pela metade de 2005 ela aposentou sua conta no MySpace e começou seu próprio site de humor, Sugarcaine Junction (N.T: Junção de Sugarcaine, em tradução livre).  Apesar da mais-que-decente escrita de Debra o site foi medíocre no seu melhor. A maioria dos viciados em internet nem sabiam que ela existia, muito menos que ela tinha desaparecido e possivelmente tivesse sido assassinada.

Até que os funcionários públicos acharam a fita.

Sugarcaine Junction nunca falhava em comemorar qualquer feriado e festivais que aconteciam, e seus artigos das estações eram geralmente os mais aguardados. Debra surpreendentemente compôs graciosas cações sobre bebida para seu artigo sobre a Oktoberfest, e um poema tocante para o dia dos pais, do qual ela se recusava a falar sobre depois. Para o Natal de 2005 ela escreveu séries de parodias de passagens bíblicas que quebrou o recorde de e-mails odiosos de uma noite para outra.

Naquela época eu era conhecido como DeadAtFifty (N.T: Morto aos cinquenta, em tradução livre) e era um dos regulares leitores das postagens de Sugarcaine. Durante a primeira semana de Outubro de 2006 eu sugeri que ela passasse a noite na casa assombrada da família Daley e escrevesse sobre a sua experiência para o artigo de Halloween. Ela anunciou para todos seus leitores que eu era um crianção e um débil mental. Eu adicionei o preço de mil dólares para a aposta. Ela ansiosamente aceitou.

Na última semana de Outubro Debra anunciou que ela faria sua longa viagem de carro até a Casa Daley para a "assustadora festa do pijama". Ela embarcou para lá na noite do dia 29, encorajando seus leitores à "ficarem ligados para mais detalhes à sua jornada de mil dólares até a casa Daley  mal-assombrada!" Eu tinha a intenção de dar à ela o dinheiro, e nunca teria mencionado a casa caso eu soubesse o que aconteceria.
Debra sempre pesquisava sobre o assunto antes de suas "jornadas", apenas para fazer o louvor / paródia mais completa. No seu apartamento a polícia encontrou recortes de jornal desde 1960 sobre a Família Daley: A glorificação de Kevin Daley pelas vidas que salvou de um incêndio; O crescimento da fama de Jeff como um artista abstrato com apenas 11 meses de idade; os rumores de que Naomi derrubara propositalmente seu filho da escada causando ao menino Autismo Limítrofe; e é claro, a procura sem resultados dos corpos quando a família toda desapareceu em 1982.

A maior parte dos artigos eram testemunhos dos vizinhos e amigos da família sobre a última
vez que viram os Daleys. A performance escolar de Jeff diminuiu, mas o trabalho que fazia nas aulas de arte era tão detalhados como sempre, representando reinos  abstratos em formas retorcidas e sombras ameaçadoras - Imagens que ele não reproduzia desde que era criança. Ele afirmava que "sussurros" o fazia desenhar essas coisas. A única explicação que ele tinha para esses "sussurros" era "eles me seguem por toda minha casa; eu não consigo vê-los, mas eu sei que estão lá."

Eu não acho que Jeff Daley estava viajando ou sonhando: Eu acho que seus subconsciente era as portas para outros mundos, e talvez sua mãe soubesse disso e tentará  o matar. Se esse fosse o caso, eu gostaria que ela tivesse sido um pouco mais persistente.
Os colegas de trabalho de Kevin o descreviam como "nervoso, constantemente no limite, como se estivesse sendo perseguido por um lunático e não pudesse despista-lo."  Naomi, conhecida normalmente por receber os clientes à sua taberna com sorrisos brilhantes e calorosos olás, parecia ter rastejado para dentro de uma concha e se recusava a sair de lá.

Ela começou a ter intervalos frequentes para ir ao banheiro, apenas para se dobrar num cantinho e chorar com as mãos tapando os ouvidos. E então um dia Jeff não apareceu mais na escola, e seus pais nunca mais apareceram no trabalho. Eles desapareceram no ar; e de acordo com seus vizinhos, eles não foram calados.

Outros artigos descreviam coisas estranhas, mas aparentemente banais como sons na casa abandonada dos Daleys de 1989-2004.  Alguns desses artigos eram tão estranhos que eram considerados pegadinhas ou exageros grotescos.

O cão de um dos vizinhos correu para a varanda da casa dos Daley. Quando voltou, ele passou os próximos dos dias chorando a cobrindo seu focinho aparentemente por nenhuma razão. Em uma manhã os donos do cão acordaram para se deparar com o desaparecimento do cão que nunca mais viram.

Um jovem casal afirmou ter visto uma silhueta nas sombras do jardim frontal da casa, sussurrando algo para eles enquanto passavam pela casa tarde da noite. Eles não posem afirmar se havia ou não alguém lá, e enquanto continuavam sua caminha a forma os perseguiu por vários quarteirões até desaparecer completamente.

Vários carteiros deram depoimentos idênticos sobre ouvir movimentos e balbucios dentro da casa enquanto em sua rotina de trabalho em suas rotas. Um deles achou que era obra de alguns engraçadinhos fazendo um pegadinha e alertou a polícia. Eles nunca encontraram ninguém dentro da casa.

No começo da semana os funcionários públicos estavam preparando a casa para a demolição quando descobriram a fita de baixo de uma velha escrivaninha. Lembrando a história das pessoas desaparecidas, eles deram a fita para a polícia. O oficial que a recebeu - um amigo meu o qual o nome não será revelado - tinha sido um dia fã da Sugarcaine.  Eu passei uma tarde inteira na casa dele ouvindo a gravação. Para espalhar a história pela internet eu transcrevi as gravações para meu próprio blog, o qual você pode ler abaixo:

*
[A fita começa com quinze segundos de silêncio. Quebrado por uma rouca voz feminina.]

"Não acho que eu tenha vindo alguma vez para esse lado da cidade. Tive que parar em um restaurante para pegar informações porque eu consegui me perder estupidamente. Acho que tenha sido uma hora de uma longa viagem, mas acho que será por volta da meia noite quando eu chegar ao local.
Ah, eu falei para a moça que eu estava indo visitar uma amiga minha que morava na vizinhança perto da casa Daley e ela ficou feliz por poder me ajudar. Imaginei que ninguém ficariam muito contente se eu ficasse falando para todos que eu passarei meu final de semana invadindo a casa dos outros. Mesmo que os Daley estejam bem mortos para dar a mínima"

[Silêncio por oito segundos. Suspiro.]

" Eu me sinto tão boba por estar fazendo isso. Mas vendo pelo lado positivo eu vou conseguir pagar meu aluguel mês que vem."

*
"Agora são... onze da noite em ponto.  Demorei a eternidade para encontrar essa casa estúpida. Sempre entrava nas ruas erradas. Difícil perde-la depois que finalmente encontra. O jardim frontal é uma selva de videiras e três pés de grama infestados de milhões de espécies de insetos jamais vistos pelo ser humano. Você não consegue nem ver a porta de entrada pela rua durante a noite, porque as sombras a engole.
Estacionei dois quarteirões de distância e andei até aqui. Vou procurar uma janela que eu possa escalar e entrar na casa. Esperançosamente não quero precisar alcançar a porta de trás, pois isso levará a eternidade. Falarei mais quando entrar."

*
[Passos ocos sobre as velhas tábuas de madeira. Um série de batidas destorcidas enquanto o gravador sacode violentamente. Silêncio por dezesseis segundos]

"Tropecei. Uau, é um breu aqui. Onde está minha maldita...?”

[Silêncio arrastado pelo próprio minuto, e mais passos. Debra libera um ar exausto. Gravador se agita levemente]

"Okay, estou dentro. Meu acampamento está montado no... acho que é o escritório. Há uma velha empoeirada escrivaninha perto da janela, eu subi por esta janela e por uma estante até a porta. Ambas estão vazias. Estou pronta para fazer meu tour pela casa. Câmera apronta, embora esse lugar não tenha muito à se ver.Vou manter o flash desativado, então as fotos tenham que ser editadas depois que eu voltar. Eu deveria usar a lanterna desligada até meus olhos acostumarem mas... é, não vou fazer isso."

[Dois minutos de silêncio à parte das pegadas e ocasional som eletrônico de uma câmera tirando fotos. Tosse.]

" A casa é realmente espaçosa dentro dos seus dois andares. Ah, aí está você, escada imprecisa...O carpete foi todo rasgado exceto por um canto da sala de estar, de modo que o chão é todo de madeira dura."

[Pegadas.  Alto, um grito parecido como de um humano vindo de uma das dobradiças enferrujadas de um porta. Debra solta um suspiro assustado, maldições.]

"... um banheiro mofado intocado desde mil novecentos e oitenta e dois..."

[Várias tossidas enquanto a câmera tira foto. Dobradiças mais guinchantes, silêncio significante. Mais cliques de câmera.]

"Ugh, puta merda aranhas armadeiras em todo lugar!"

[ Sete minutos apenas com pegadas, cliques de câmeras e tossidas de Debra; Sons ocos de botas subindo escada, e pegadas mudam para mais altas, rangidos insalubres. Agora e depois Debra faz vários comentários sobre o layout da casa.]

"[Murmúrio inteligível] - poeira está me matando. Segundo andar é instável pra caralho. Espero que a construção não desabe em mim essa noite."

[Mais pegadas enquanto ela retorna para o primeiro andar. Na marca de dez minutos, silêncio mortal por aproximadamente vinte segundos. Debra exala.]

"Acho que é isso pelo tour. E eu vou dormir com as aranhas."

[Silêncio por dois minutos. Debra sussurrava para si mesma. Estalo de madeira]

"Achei uma madeira solta no chão do escritório. No estilo 'arrancada de propósito' solta. Eu terei que checar isso amanhã de manhã."

[Passos vagarosos, pesados e cuidadosos de botas no chão de madeira. Farfalhar de pano grosso. Tosse.]

"Ah, Deus, eu não consigo respirar nesse lugar. Certo, hora de dormir. Terminarei minhas anotações amanhã. Boa noite!"

*

Chocalhos no gravador. Debra começa a falar, mas só sai as primeiras silabas antes de ficar quieta novamente. Silêncio por mais um minuto]

"Há algo aqui..."

[Batidinhas de pés descalços. Silêncios. Rangido de porta. Farfalhar.]

"Malditos ratos. Eu sabia. Eu os ouvi cavoucando nas paredes do quarto. Eu devia ter trazido uma barraca.

*
[Suspiro exautorado]

"Okay, bem, eu não vou dormir essa noite depois de tudo, então eu vou erguer aquela tábua para passar o tempo. Falo mais sobre depois.

[ Chacoalhos são gravados enquanto o gravados e posto de lado. Nos próximos cinco minutos nada mais do som de unhas e algo metálico - provavelmente um canivete suíço - arranhando na madeira, e ocasionalmente, uma baque. Um ofego e o barulho de um pequeno objeto. As pegadas de Debra saem de alcance do som. Debra diz algo longe demais para ser ouvido e parece esperar uma resposta. Ela se repende, mais alto.]

"Quem está aí?”

[Nada por um minuto e meio. Barulho da porta do escritório se fechando. Batidinhas de pés descalços voltando. Chacoalho da fita.]

"Estou enlouquecendo. Eu juro que pude ouvir -"

[Silêncio. Arranhadas e batidas voltam, e momentos depois há um barulho de madeira sendo colocado de lado.]

"Ahá!"

[Farfalhar de papel]

"Hm..."

[Mais farfalhar de papel. Silêncio.]

"Hm, há... desenhos. Desenhos amassados recheando os pequenos espaços da tábua. Acho que são desenhos de Jeff Daley. Quando ele tinha cinco anos ele costumava desenhar seus pesadelos.Não, esses não podem ser de verdade. Os detalhes são -?”

[Amassando: papel sendo desamassado. Debra fala silenciosamente, quase inaudível, como se estivesse lendo algo pra si mesma. ]

"Não ouça. Não é o papai. Não é o papai. Não é..."

[Silêncio. Respiração profunda e tremida.]

"Okay, hm... Okay, isso não tem mais graça."

[Um som distante, possivelmente no corredor, e um suspiro agudo. Dois minutos e quarenta segundos de silêncio.]

"[Murmúrio incoerente] - não tem graça."

[ O som de novo, dentro de cinco pés do gravador. Uma voz humana falando quase como sussurros. Ela diz apenas uma palavra difícil de se entender, mas parece como o nome de Debra. O gravador se agita violentamente e atinge o chão.]

"Não tem graça! Pare com isso!"

[Silêncio. Batidas de pés descalços deixando o quarto. Três minutos passam sem barulhos exceto por baques periódicos dentro da casa e Debra gritando com raiva. Os passos voltam. Batida forte com a porta do escritório. Soluçar baixo a mais ou menos 3 pés do gravador. Nada mais por outro minuto.]

"[Falando muito baixo para que seja registrado no gravador. Sua garganta está restringida.]"

[Os soluços param em quando Debra abruptamente prende a respiração. A voz fala de novo baixinho, de dentro do quarto. Pés se debatendo pelo chão. A janela do escritório guincha enquanto é aberta. O resto da fita é silêncio.]

*

Debra postou um update na mesma noite. Não havia nenhum traço de sua narrativa costume. Ela trocou frases energéticas por maldições irritadas. Ela queria que alguém (eu) se desculpasse por algo que ela achava ser uma perversa pegadinha de halloween. Ela manteu um dos desenhos que encontrou na tabua solta e incluiu o desenho scaneado em sua postagem, condenando-o como uma tentativa óbvia de um artista adulto incapaz de reproduzir a obra de um garoto retardado de oito anos.

Desenhado inteiramente em giz de cera preto, parecia a caricatura de uma sala de estar feita por Salvador Dali. No meio de pé, uma forma negra com a cabeça negra distorcida (como em uma casa de espelhos), fazendo impossível saber se era humano ou não. A coisa olhava diretamente ao espectador por cima do ombro, com dois buracos negros sendo seus olhos. Mais três deles estavam além dele, também olhando para o espectador - era como se o ato de desenhar a cena tivesse tomado sua atenção. Embora seus rostos eram amorfos de branco e cinza, os três do fundo pareciam sorrir. E realmente sugeria um nível artístico além do que um menino de oito anos, mas o estilo se encaixava com os outros desenhos já vistos de Jeff Daley.

Debra e eu tivemos nossa parcela de mensagem de ódio depois daquela postagem. Metade dos leitores achavam que eu era um cuzão por ter pregado nela uma pegadinha tão escrota; A outra metade achava que Debra estava pregando uma pegadinha nela mesmo, e quando nas duas atualizações seguintes era apenas descrições irregulares dos sons da casa Daley que a seguiram, todo mundo estava certo que era uma pegadinha dela. Eles ainda acreditavam que era uma brincadeira quando ela não atualizou nada por duas semanas.
No dia 4 de Novembro no meio da tarde, Debra ligou sua irmã, Payton. Ela estava chorando tanto que Payton não conseguia entender uma palavra que ela disse no começo.

"Ela soltou um discurso bêbado de partir o coração. Disse que estava arrependida de ter perdido meu casamento, arrependida por ser uma puta rancorosa quando estávamos crescendo, arrependida por ter chutado nosso cachorrinho quando tinha doze anos - pedindo desculpas por todas coisas bobas como uma confição desesperada de uma pecadora.
Ela parou para respirar, e eu ouvi alguém mais no quarto falando baixinho com ela como se não quisesse que eu ouvisse. Eu perguntei se ela queria que eu fosse até sua casa. Ela começou a soluçar de novo e disse, "Eu ouço o papai, mas não é o papai." Então ela desligou o telefone e eu chamei a polícia. Ele não encontraram ninguém quando chegaram lá. Eu falava com ela poucos minutos antes."

Maioria das pessoas continua pensando que o rapto de Debra pelo perseguidores sussurrantes dos pesadelos de Jeff Daley  é uma farsa orquestrada por ela ou outro individuo doente. A fita foi declarada falta por céticos ignorantes um após o outro, e não vai demorar só que Sugarcaine Junction desapareça na escuridão novamente. Eu espero evitar isso, não porque eu sinta pena de Debra Lindsay Caine, mesmo que eu sinta; mas para prevenir desaparecimentos que nem o dela, como os funcionários públicos também desapareceram, e como o de meu amigo policial. Eles marcam seu território - Como eles marcaram a casa Daley e a fita - eles conseguem farejar qualquer coisa que entre em contato com eles. Uma vez que eles te farejem, eles te caçam como cães famintos até que te marquem também.
Eles te chamam baixinho como se tivessem medo de falar alto - as vezes dois quartos de distância, as vezes do seu lado. Eles imitam pessoas chegadas a você. Talvez porque acham assim mais engraçado. Mas você não pode ouvi-los. Você tem que cala-los, ou de outra forma, você está assustado demais para abrir seus olhos ou para mover um músculo. Você não terá chance de se matar antes que eles te arrastem para onde diabos seja o lugar que Debra foi levada também.

Eu vou tomar um banho com minha torradeira agora. Minha mãe tem me chamado o tempo todo na última hora, mesmo sendo que ela esteja morta a cinco anos.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Número Desconhecido


"MEU DEUS!", eu gritei ao ser acordado de surpresa pelo meu novo toque de halloween do celular. Não me lembrava de ter mudado o toque mais cedo, então levei um susto até me lembrar de onde ou o que era. Levei um tempo para encontrá-lo preso no meio das almofadas do sofá. O fato da luz baixa da estática na tv ser a única luz não ajudou muito na busca.

"Número desconhecido."

Atendi e não ouvi nada do outro lado. Para ser honesto, eu esperava uma respiração desesperada ou qualquer outra coisa assim do outro lado da linha, pelo fato de eu ainda estar um pouco assustado, mas não havia nenhum barulho.
Desliguei, respirei fundo e franzi o cenho. Talvez eu só liguei uma chamada falsa sem perceber. Como a maioria dos telefones, julguei que esse também tivesse essa função, mas como não o conhecia direito ainda...
Meu pai comprou um usado essa semana, quando perdi meu outro na viagem até aqui, pra esse fim de mundo. Procurei no menu mas não achei essa opção. Irrelevei.

Xinguei e decidi assistir tv ao invés de ficar pensando muito. Tentei usar a luz do celular para achar o controle remoto, sem muito sucesso. Morrendo de preguiça, me arrastei do sofá para a parede até o interruptor. Dei uma leve pausa no caminho ao perceber que a tv era dos canais de satélite, e agora estava com estática de antena. Ignorei e segui, ligando a luz.
A luz intensa me cegou por uns segundos, respirei fundo de novo e percebi como estava tenso por nada. Era estranho ficar sozinho em casa.

Meus pais haviam saído de noite e eu preferi ficar, assim como havia feito durante o dia. Como eles nunca saíam, era uma situação diferente. Nada além de mato nesse fim de mundo em que estávamos, então com eles saindo eu tinha solidão total.
Continuei procurando pelo controle pelo sofá. Fui em um braço, no outro, e me abaixei para por a mão em baixo dele, fatalmente encostando meu ouvido no celular que estava ali em cima. Obviamente, o celular tocou, bem dentro do meu ouvido.
"PUTA QUE PARIU!", foi minha reação. Atendi, e mais uma vez, só silencio. Em fúria e xingando, joguei o celular no sofá.

POP! A lâmpada da sala explode e a estática da televisão vira aquela preto com um chiado e um risco branco no canto esquerdo. Penumbra reina. Corri, peguei meu celular, me joguei na cama e me enrolei em posição fetal após momentos de escuridão terrível. Com o pouco de luz que conseguia através da tela do meu celular, já me senti mais seguro. Respirei até me acalmar e decidi ligar para meu pai. Olhando para a tela do celular, descobri que não havia desligado a última chamada. Segurei minha respiração quando notei que conhecia o número que me ligara. Não era desconhecido. Era meu número. Meu número antigo.

Apertei o botão de encerrar chamada, desesperado. Comecei a criar mil situações que se desencadeariam daquelas chamadas. Então algo pior chamou minha atenção. Minha cama já estava quente.

Mensagem nova. Abri. Li.

"Está de baixo do travesseiro." Lentamente levantei o travesseiro para encontrar o controle remoto.

De baixo das cobertas ouvi o som da minha porta do quarto fechar. Suor frio escorreu pela minha testa, meu coração apertado e minha cabeça explodindo, e então, ouvi a porta de novo. Sendo trancada.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O Hormonio do Medo


O texto a seguir é transcrito diretamente a partir de documentos encontrados em um laboratório de testes alemão, abandonado por soldados norte-americanos durante o rescaldo da Segunda Guerra Mundial.

(Fita de áudio) O teste começará amanhã. A equipe não sabe o que esperar. Nossa missão é levar novas pesquisas e transformá-la em uma arma para a guerra. Recentemente foi descoberto que o cérebro libera uma substância química (previamente desconhecida) quando sente medo. Por razões óbvias, este teste pode ser extremamente perigoso. Dois indivíduos foram selecionados para o teste, e pelo que nos disseram, eles foram condenados à morte, mas serão usados como sujeitos deste experimento... Aos sujeitos é dado uma mesa com duas cadeiras, uma cama com um colchão, uma estante com livros, um caderno e caneta e uma área de banho que consiste em um vaso sanitário, uma pia e um espelho. Alimentos e água são dadas através de uma pequena abertura vedável. Não tenho mais nada a relatar neste momento.

 - Adicionado por Zaraiah
(Documento escrito) Sujeitos A e B estão recebendo o produto químico em uma dose pequena, misturado com água. Sujeito A tem bebido a água, e não mostrou mudanças visíveis no humor ou comportamento. Sujeito B recusou beber a água. Ele tem recebido vigorosamente a mesma dose da substância, mas por injeção. Ele teve uma resistência, mas foi facilmente controlado e então injetado. Pouco tempo depois, ele parecia nervoso, quase paranóico, e pulou quando ouviu ruídos repentinos. Foi dito para os Sujeitos tentarem permanecer ativos, ou dormirem, e não apenas inativos.

(Documento Escrito) Levou um tempo, mas temos desenvolvido uma versão em gás do produto químico. Se mostrado eficaz em indivíduos, isso pode se tornar uma arma valiosa. A dosagem foi aumentada ligeiramente. Nenhum dos Sujeitos estavam cientes de que o produto químico estava sendo deixado no quarto. Depois de alguns minutos, o Sujeito A parou de ler e começou a olhar ao redor da sala com cautela. Depois de aproximadamente uma hora, ele começou a ler novamente. Sujeito B imediatamente reagiu. Ele abriu o caderno pela primeira vez, e escreveu "O que está acontecendo? Pare de sussurrar para mim. Eu não quero ouvir você." em um pedaço de papel, arrancou a folha do caderno e a colocou debaixo da porta. Nenhuma resposta foi dada.

(Escrito) Nós vamos observar os efeitos a longo prazo, com baixas quantidades de gás no Sujeito A, e vamos observar os efeitos em um curto período e quantidade elevada do gás no Sujeito B. Os resultados são no mínimo chocantes. Sujeito A se tornou progressivamente mais instável. Ele parou de ler, não comia, e evitava o espelho a todo custo. De repente, ele se tornou muito agressivo, e lançou um livro pesado no espelho com uma força, surpreendente, o quebrando. A reação do sujeito B foi mais... curiosa. Ele começou a olhar para a segunda cadeira. Mas ele não estava olhando para a cadeira, ele estava olhando como se ele estivesse fazendo contato visual com alguém sentado na cadeira. Algo parece errado, mas estamos finalmente obtendo resultados. O Führer estará mais satisfeito.

 (Gravação Vocal) (A voz soa angustiada)
Nós não queremos isso! O que fizemos para merecer a vingança de Deus dessa forma?! O Sujeito B escapou de sua cela, a cadeira que ele estava olhando foi jogada do outro da sala, direto para o vidro de visualização, o quebrando, de imediato. Foram 5 centímetros de espessura, reforçada... Ele nem sequer tocou a cadeira... Ele escapou para fora do buraco feito pelo impacto (um grito muito alto) ME AJUDE!! (fez um barulho muito alto). As aberturas estão vazando o gás para o resto da instalação! A energia caiu, e ele matou todos . - Oh meu Senhor... Oh, não, não, não, não, por favor! (há um rugido alto, animalesco, e sons de luta. O resto da fita é o silêncio.)

 (Uma nota final foi encontrada. Parecia estar escrito às pressas, e quase ilegível.)

 Eles estão mortos. Todos eles. Eu o escutei nas paredes. O ouvi sussurrando para mim. Sim... Sim... Por favor, venha e me leve embora! Eu não quero mais do...

 (E a nota termina aí, o resto manchado de sangue, impossível de ler)

 Em 23 de abril de 1944, os soldados aliados encontraram um laboratório alemão abandonado, com sua única porta selada. Usando explosivos, eles vigorosamente entraram no laboratório, querendo saber o que era tão importante que os alemães tiveram que trancar de tal forma. Eles encontraram 13 corpos, dos quais 12 estavam vestidos com o mesmo jaleco, mutilados em pedaços, e em um caso, com a pessoa partida ao meio. O 13º corpo estava indescritível, com uma roupa marrom e sem cabeça. Uma investigação em maior escala foi lançada mais tarde pelos alemães para determinar o que tinha acontecido, mas foi cancelada depois de muitos soldados alemães se recusarem a voltar para o laboratório, por terem suas vidas ameaçadas. Até hoje, ninguém sabe o que aconteceu com "B", mas ele é dado como morto.